Para aqueles que dizem Ter estilo próprio





E  ae estilosos, tudo na boa?! Já repararam que a cada dia que passa, as pessoas que tentam achar o seu estilo próprio, elas partem do pressuposto de “ser diferente e único” para encherem a boca e dizerem: “Eu tenho o meu estilo próprio”.
Será mesmo?

“Poxa, eu tenho meu estilo próprio!”
Eu tenho o meu próprio estilo? Observando como um flâneur
O que acontece é: estas pessoas não sabem o que estão dizendo. Talvez pela falta do mínimo de conhecimento, porque este termo é mais complexo do que acham. E não são somente os que dizem tal observação. Ainda tem uma galera que começam a rotular as pessoas do tipo:


“Olha o cara pagando de rockeiro ali!”
“Maninho acha que é playboy né!”
“Colocou aba reta já se acha o Mano das quebrada”

Eu tenho meu estilo próprio? Vamos a uma breve explicação e uma leve crítica.
Desde quando a moda começou a se influenciar nas ruas, começamos a perceber vários estilos. Da metade do século XX até o início do século XXI tínhamos realmente tribos urbanas bem classificadas e distintas. Na década de 70 podíamos claramente identificar quem era Punk e quem era hippie, ou até mesmo a galera da discoteca.

Já na década de 90 via-se de longe a turma do Grunge e os Mauricinhos.
Hoje temos dificuldade. Não vemos essa diferença gritante nas pessoas e seus grupos. Podemos dizer que ainda existem alguns que resistem, tentando viver movimentos e ideologias do passado, que costumo chamá-los de “garotos nos tempos da vovó”. Não que eu esteja criticando estes movimentos, afinal, tiveram grande importância na história da moda e também na história geral do século XX.

Eu sou um grande admirador da estética Punk. Acho que todos já perceberam né! Mas não me classifico como tal.

Flâneur era um estilo de homem do século XIX em Paris, caracterizado por Baudelaire como:

“aquele que perambula, observando as pessoas e a cidade.”

Ou seja, ao observar o street style e as pessoas, fazemos como um Flâneur. Mas não vim aqui falar sobre isto e sim do descuido ao usar o termo “Eu tenho meu estilo próprio”.

O grande problema nesse termo é que vivemos em uma época tão acelerada e tão movimentada, com tantas informações que fica difícil definir o determinado estilo de alguém. Veja bem, vivemos em uma época que tudo se misturou.

A calça rasgada do Punk hoje anda pelo Mauricinho juntamente com uma camisa Lacoste e também pulseiras que lembram os hippies.

Definir um grupo pertencente a uma pessoa e ainda mais definir se ela tem “um estilo próprio” é algo inviável para os dias de hoje. Pode-se misturar tudo o que gosta, mas isso não quer dizer que seja seu estilo e sim uma conglomeração de vários estilos. Dizer que você tem o seu estilo próprio é partir do zero e criar algo inovador e inédito. É fazer como Chanel, Dior ou David Bowie, por exemplo, estes grandes nomes da moda. Criar algo jamais visto e assim partilhar com o mundo.

Então, quando pensar em dizer: eu tenho o meu estilo próprio, pense bem. Em grandes nomes da moda e em todas as tribos urbanas do século XX. Tribos que tiveram um intuito para acontecer e usar o que usavam. Sim, elas nos deixaram bastante heranças na moda, e, graças a elas, hoje podemos brincar e nos divertir com a diversificação de peças e estilos.

E aqui no final vou a dizer: misturar vários estilos não é ter estilo próprio.

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